A família Campylobacteraceae pertence à classe Epsilonproteobacteria da ordem Campylobacterales. São bacilos gram-negativos, curvados, finos e móveis por flagelação. São organismos microaerofílicos que exigem baixos níveis de oxigênio. São relativamente frágeis e sensíveis no meio ambiente, tendo sido reconhecidos recentemente como um importante patógeno entérico, despontando em vários países como uma das principais causas de doença diarréica bacteriana, mais até que a Shigella spp. e Salmonella spp. juntas. Segundo o CDC (órgão americano responsável pelo controle de doenças), o Campylobacter é o agente que mais causa doenças alimentares nos EUA desde 2013 (19.600 indivíduos a cada 100.000 no ano de 2018).
São encontrados principalmente em gado, frangos, pássaros e moscas. Também é detectado em água (não clorada de fontes, rios e lagos). Assim, sua transmissão se dá através de alimentos contaminados - especialmente frangos crus ou mal cozidos, leite cru e água não clorada - e contato com animais infectados (gatos e filhotes de cachorro).
O diagnóstico é feito por semeadura das fezes mas seu isolamento requer meio especial contendo antibióticos e atmosfera microaerofílica (5% de oxigênio). No Brasil é uma bactéria ainda pouco testada, embora seja tão comum, justamente por precisar de meio e cultura especiais - em sua grande maioria importados - para seu isolamento.
A Probac do Brasil fabrica o único meio nacional para o isolamento das espécies de Campylobacter - o meio Karmali. Este meio é considerado atualmente um os melhores meios para o isolamento desta bactéria em amostras de fezes. Fornecido em placas de 90mm de diâmetro (placas comuns com 4 meses de validade ou nossa linha exclusiva de placas seladas com 10 meses de validade), é um meio altamente seletivo, que inibe o crescimento de enterobactérias e outras bactérias da microbiota humana.
A identificação se torna muito importante nos casos de infecções graves e que não são autolimitadas (com sintomas como febre, diarréia com sangue, mais que oito evacuações em 24 horas, e sintomas que persistem por mais de uma semana). Alguns pacientes podem apresentar bacteremia. É especialmente grave em pacientes mais sensíveis (crianças, idosos, pacientes imunocomprometidos, e mulheres grávidas) , com os quais o tratamento com antibiótico se torna necessário. Nesses casos, o antibiótico de escolha é a eritromicina (especialmente em crianças) ou a ciprofloxacina (para adultos).
Esse meio também pode (e deveria) ser usado na indústria alimentícia, de águas e veterinária onde as diferentes espécies de Campylobacter são frequentemente encontradas, ajudando assim na prevenção de surtos.
Bibliografia:
1- TRABULSI, Luiz Rachid. Microbiologia. 5ª Edição. Editora Atheneu
2- Secretaria do Estado de Saúde de SP - CVE ftp://ftp.cve.saude.sp.gov.br/doc_tec/hidrica/campylobacter.pdf
3- Centers for Disease Control and Prevention https://www.cdc.gov/mmwr/volumes/68/wr/mm6816a2.htm
